sábado, 14 de janeiro de 2012

O que acontece "Quando Tudo se Desfaz"?

Pema Chödrön

A diferença entre teísmo e não-teísmo não está em acreditar ou não em Deus. Essa é uma questão que se aplica a todos, incluindo budistas e não-budistas. O teísmo é uma arraigada convicção de que existe uma mão na qual segurar: se fizermos a coisa certa, alguém vai nos dar valor e cuidar de nós. Isso é o mesmo que achar que haverá sempre uma babá disponível quando precisarmos de uma. Todos nós temos a tendência a fugir das responsabilidades e delegar nossa autoridade a algo exterior a nós. Não-teísmo é relaxar na ambiguidade e incerteza do momento presente, sem buscar algo que nos proteja. Às vezes, achamos que o dharma é externo – algo em que acreditar, algo que devemos atingir. Entretanto o dharma não é uma crença ou dogma. É a total apreciação da impermanência e da mudança. Os ensinamentos desintegram-se quando tentamos agarrá-los. É preciso experimentá-los sem expectativas. Muitas pessoas corajosas e compassivas já o experimentaram e transmitiram. A mensagem é destemida – o dharma nunca representou uma crença que seguimos cegamente. Ele, em absoluto, não nos dá nada a que possamos nos apegar.








Trecho extraído do livro "Quando Tudo Se Desfaz" de Pema Chödrön.

9 comentários:

Anônimo disse...

Interessante ... mas fiquei pensando: aqueles que acreditam firmemente em Deus podem também esperar ter dele protecao e nao necessariamente ve-lo como uma "babá". Desde que nao se abandone as responsabilidades, nao vejo problema algum em ter tal "babá". Para alguns tal permanencia existe ... preciso matutar sobre o tema.

Esteja Aqui e Agora... disse...

O comentário deixado no blog O Pico da Montanha pode ajudar a clarear um pouco mais esta questão:

"Como ativar as soluções poderosas que ocorrem na presença do ponto de apoio que criei e nominei de Deus?"

opicodamontanha.blogspot.com/2012/01/comentario.haml

Anônimo disse...

Muito obrigado pela sugestao de leitura. Compreendi melhor o tema. Mesmo assim considero a questao ainda emaranhada, apesar de compreender como Deus é tratado, de um aspecto psicológico (correto?). O ponto de apoio poderia ser a " fada - madrinha da Cinderela" ... ela seria igualmente uma criacao psicológica. O "X" é: independentemente de como tal apoio é denominado e vivenciado, nao poderia ele remeter a algo IMANENTE e PERMANENTE que existe de um modo ou de outro??? Quer acreditamos nele, quer "ele" interfira, quer hajam seres humanos na Terra, ou nao ... tomar como princípio a existencia ou inexistencia de tal "coisa" é arbitrário, nao? Espero que tenha ficado clara minha colocacao. Desculpe pelo longo post, mas tento sem muitos profundos conhecimentos compreender esta questao e vivenciar melhor meu credo no caminho de Buda.

Esteja Aqui e Agora... disse...

No budismo aprendemos desde cedo que não se trata de uma religião de acreditar, e sim de despertar.

Buda sempre ficava em silêncio sempre que era indagado sobre questões teístas ou metafísicas (por isso a denominação Não-Teísta é correta), e quando se manifestava, apenas dizia que discutir isto não contribuiria com a questão da felicidade humana.

Gasshô __/\__

Eliana disse...

É da natureza humana criar algum tipo de apoio para seguir em frente. Assim, os budistas, cristãos e praticantes de outras crenças, constroem imagens de seus guias religiosos para tê-los como pontos de referência, mesmo contrariando a vontade de cada um deles. De forma metafórica, pouco importa se a luz é de vela, candeeiro, elétrica ou solar. O que realmente conta é a sua existência, dentro do contexto da necessidade de cada um.

Anônimo disse...

Gasshô

__/\__

laura disse...

Até onde eu sei, na opinião do Dalai Lama, a religião correta é aquela que te permite extrair o seu melhor e dar o seu melhor para o próximo. Embora seja católica, tenho sentido cada vez mais afinidade com os ensinamentos budistas , e tenho uma certa dificuldade em aceitar que a "cura" esta nas maos de um ente imaginario. Acho que a cura esta dentro da gente. As nossas crenças ou religiões deveriam ser o caminho que escolhemos para chegar até nos mesmos,.

Esteja Aqui e Agora... disse...

Perfeita observação Laura.

Gasshô __/\__

Caio disse...

gostei muito do blog! já está nos meus favoritos do meu blog... dá uma visitada se puder: http://psiqueativa.blogspot.com/
Abrs! Namastê.