terça-feira, 30 de junho de 2009

Meditação zen para aliviar a dor


Prática milenar associada ao zen-budismo chinês e japonês, a meditação pode diminuir a sensibilidade à dor, segundo estudo realizado na Universidade de Montreal, Canadá, publicado na revista Psychosomatic Medicine. Estudos anteriores já haviam indicado que o ensino da meditação a pacientes com dor crônica melhora a qualidade de vida, porém esse é o primeiro experimento que indica uma alteração dos mecanismos fisiológicos de resposta aos estímulos dolorosos em pessoas saudáveis.

A técnica usada para realizar o teste de sensibilidade à dor foi simples: uma superfície metálica térmica – com temperatura controlada por computador que variava entre 43ºC e 53ºC – era levemente pressionada contra a panturrilha dos 26 voluntários com idade entre 22 e 56 anos, em intervalos curtos. Metade deles acumulava mais de mil horas de meditação zen, e o restante não tinha familiaridade com o método. Durante o teste, os participantes tinham de indicar qual temperatura provocava sensação dolorosa. Com essa informação, os cientistas obtiveram o grau de calor que corresponde ao limiar da sensibilidade à dor – e, nesse ponto, o experimento era interrompido. Alguns adeptos da meditação zen puderam suportar a temperatura máxima sem sentir desconforto.

Em outro momento, o experimento foi restrito ao grupo de praticantes, enquanto meditavam. Os resultados mostraram limiares ainda maiores que os observados anteriormente nesses mesmos indivíduos. Os autores da pesquisa acreditam que esse efeito ocorra, pelo menos em parte, pelo fato de a respiração ser “mais lenta” durante a meditação – em média 12 inspirações por minuto, quando em condições normais é de 15. Na média, os praticantes da meditação tiveram redução de 18% na sensibilidade à dor se comparados ao outro grupo.

Segundo os pesquisadores, esse é um resultado expressivo e deve encorajar novos estudos com pacientes com artrite reumatóide, lombalgias, fibromialgia etc., que fazem uso contínuo de analgésicos, o que traz efeitos adversos em longo prazo. A técnica oriental de concentração e relaxamento pode ajudá-los a reduzir a dose medicamentosa e melhorar a qualidade de vida.

Fonte: Mente e Cérebro

Na verdade não é para isto que devemos meditar. O artigo acima mostra na verdade o que chamamos de "sub produto da meditação". No Zen, o que buscamos é o Satori, ou o despertar para a nossa verdadeira natureza.

domingo, 28 de junho de 2009

O discípulo e a maçã


Certo dia um Mestre Zen falava para seus alunos sobre a natureza da Perfeição. Um dos discípulos, cético quanto a possibilidade de que algo possa realmente chegar concretamente à perfeição e incapaz de compreender o sentido do que o Mestre falava, observou próximo ao grupo um cesto de frutas e disse ironicamente:

"Mestre, fiquei fascinado com tua explicação sobre a Perfeição. Poderia o senhor, para ilustrar o que acabou de dizer, me dar uma fruta perfeita?"

O Mestre calmamente olhou dentro da cesta, retirou uma maçã e entregou ao aluno. Pegando-a, este viu que a fruta estava com uma parte podre num dos lados. Olhou para o professor e disse arrogante:

"Essa é a perfeição de que falas? Esta maçã tem uma parte podre!"

"Sim," replicou o Mestre. "Mas para teu nível de compreensão e discernimento, esta maçã podre é o máximo de maçã perfeita que poderás obter..."

Conto Zen

"... Limpa primeiro o interior do corpo, para que também o exterior se torne limpo" (Mateus 23:26).

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Meditar


A dádiva de aprender a meditar é o maior presente que você pode se dar nesta vida. Porque é apenas através da meditação que você pode empreender a jornada para descobrir sua verdadeira natureza e assim encontrar a estabilidade e a confiança de que necessitará para viver e morrer bem. A meditação é o caminho para a iluminação.

Sogyal Rinpoche.

domingo, 21 de junho de 2009

Ponto de mutação


Por Charlotte Joko Beck

Todos querem uma vida de liberdade e compaixão, uma vida humana em pleno funcionamento, que não pode estar apegada a nada, nem a uma prática, nem a um professor, nem mesmo à Verdade. Se estivermos apegados à Verdade, não poderemos enxergá-la.

Vi no noticiário da TV uma história a respeito de um homem que encontrou inúmeras caixas de peças de maquinários. Não tinha a menor idéia da utilidade delas, mas gostava muito de ficar colocando as coisas perto umas das outras e o mistério tornava tudo mais excitante ainda. Então, ele começou seu trabalho. Custou-lhe dez anos encaixar aquelas milhares de peças, algumas grandes, outras pequenas. Quando enfim terminou o trabalho, tinha criado um novo e reluzente modelo Ford T. Mas (claro que ele não tinha esposa!) ele tinha construído aquela beleza na sala de visitas! Por isso, depois de alguma hesitação, derrubou a parede da frente da sala de visitas e empurrou o modelo T até a entrada, numa mostra definitiva de progresso. Porém, o pórtico tinha de altura meio metro em relação ao nível da rua e ele precisou construir uma rampa até o chão. Por fim, conseguiu deslocar o carro pelo jardim até a rua e, assim, aquele Ford T conseguiu chegar a ser um carro de verdade, funcionando.

Essa é uma história maravilhosa porque se parece com o que fazemos com nossas vidas. Construímos uma criatura bizarra que chamamos de "eu mesmo". Infelizmente, não temos toda a habilidade do mundo para construir esse ser e, depois de ele estar concluído, temos a incômoda sensação de que nosso si-mesmo (como aquele modelo T) está confinado, as paredes o estão esmagando. O si-mesmo pode até ter boa aparência, chegando mesmo a impressionar, mas ainda se sente incomodado pelas restrições.

Agora acontece a escolha crucial: existem duas possibilidades de irmos em frente depois de sentir o confinamento e a ansiedade em "nós mesmos". Uma delas é fingir que nosso espaço de vida foi na realidade projetado para conter um modelo Ford T, e então decoraremos as paredes ou criaremos artifícios com espelhos, para que haja ilusão de descontração e de espaço. A outra é constatar que esse "si-mesmo" constrito deve ser deslocado para outro lugar, de algum jeito, até chegarmos a um espaço arejado e iluminado.

Nesta altura (quando começamos a examinar o carro, esse si-mesmo que construímos), nossa prática está de fato se iniciando. Não esperamos mais dar um jeito no que está em volta, no meio ambiente; em vez disso, mudamos o modelo Ford T de lugar para que possamos examiná-lo: levamos o si-mesmo para fora. Isso não é o fim, claro; o estágio final da vida humana não é examinar e analisar o si-mesmo, para ver como funciona; é pôr nossa vida na rua onde pode funcionar plenamente.

É a dor das paredes que nos confinam que primeiro nos motiva a sair dali; sabemos que é preciso fazer alguma coisa quanto às paredes. É um grande progresso o simples fato de deslocar o carro até o pórtico, onde ele possa receber um pouco mais de luz, ter um pouco mais de espaço e perspectiva. Na prática, esse é o ponto crucial da mutação. Assim, o que devemos fazer para propiciar um ponto de mutação?

Consideraremos a idéia de "renúncia". Muitas vezes sentimos que, para nossa vida ter outro começo, o que é velho e antigo deve ser descartado. O que poderíamos considerar como renúncia? Podemos renunciar ao mundo material tal como o concebemos, ou a nosso mundo mental e emocional.

Há muitas tradições que efetivamente encorajam a renúncia de todas as posses materiais. Os monges conservam, segundo a tradição, uma pequena caixa contendo poucos pertences necessários. Isso é renúncia? Digo que não, embora seja uma prática útil. É como se pensássemos que a refeição noturna não fica completa sem a sobremesa; assim ficamos sem sobremesa por um certo tempo como uma maneira de aprender algo a nosso respeito, e essa é uma boa prática.

Depois pode ser que acreditemos que as coisas que se passam dentro dos pensamentos e das emoções não estão certas: "Eu deveria ser capaz de renunciar a tudo. Deveria ser capaz de me livrar disso tudo. Sou mau porque penso e sinto assim". Isso também não é renúncia. É brincar com as noções de bem e mal.

Alguns realizam um esforço final. Porque estamos confusos e desestimulados sobre nossa vida diária, por fim decidimos que é preciso ir "em busca da Realização; devo levar uma vida inteiramente espiritual e renunciar a tudo o mais". Isso é uma maravilha se compreendermos o que significa. Mas de todas as interpretações equivocadas da renúncia, a mais nociva está no âmbito da assim chamada prática espiritual, em que alimentamos noções como "Devo ser puro, sagrado, diferente dos outros.., vivendo talvez num lugar remoto e ermo": isso tampouco tem qualquer coisa que ver com renúncia.

Então, o que é renúncia? Ela existe mesmo? Talvez possamos esclarecer melhor a questão considerando agora um outro termo: "desapego". Costumamos pensar que, se nos preocuparmos com os acontecimentos superficiais de nossas vidas, tentando alterá-los, preocupando-nos com eles ou conosco, estamos lidando com a questão da "renúncia", quando na realidade não é preciso que "renunciemos" a nada; só precisamos perceber que a verdadeira renúncia é o mesmo que desapego.

O processo da prática é ver até o fim, e não eliminar, aquilo a que estamos apegados. Podemos ter enormes fortunas e não estarmos apegados a ela; podemos ter quase nada e sermos muito apegados a isso. O mais comum e que, se tivermos visto a fundo a natureza do apego, nossa tendência será diminuir nossas posses, mas não necessariamente. A maioria das práticas fica emaranhada nessa área de envolvimento entre nós e nossos ambientes, através da mente. "Minha mente deve aquietar-se." Nossa mente não importa; o que importa é o desapego em relação às atividades mentais. Nossas emoções são inócuas a menos que nos dominem (quer dizer, se ficarmos apegados a elas), quando então criam desarmonia para todos. O primeiro problema da prática é ver que estamos apegados. Conforme nosso zazen cresce em persistência e em paciência, começamos a saber que não somos outra coisa senão apegos. Estes governam nossa vida.

Entretanto, nunca limpamos um apego dizendo-lhe apenas que se vá. Só quando alcançamos uma clareza de percepção a respeito de sua verdadeira natureza é que, de maneira silenciosa e imperceptível, ele some. Como um castelo de areia por onde as ondas passam, ele se desfaz aos poucos e por fim... onde está? O que era?

A questão não é como nos livrar de nossos apegos ou renunciarmos a eles; trata-se da inteligência de ver qual é sua verdadeira natureza, sua impermanência, seu vazio, sua fugacidade. Não precisamos nos livrar de nada.

Os apegos mais difíceis e insidiosos são aqueles que pensamos serem as verdades espirituais. O apego àquilo que chamamos de "espiritual" é a própria atividade que detém uma vida espiritual. Se somos apegados a qualquer coisa, não podemos ser livres, tampouco verdadeiramente amorosos.

Enquanto mantivermos qualquer imagem de como devemos ser ou de como os outros devem ser, estamos apegados; e uma vida realmente espiritual é apenas a ausência disso. "Estudar o ser é esquecê-lo", nas palavras de Dõgen Zenji.

Ao prosseguir com nosso zazen de hoje tenhamos em mente a questão central: a prática do desapego. Prossigamos com persistência e cuidado, sabendo que pode ser difícil e que a dificuldade não é o problema. Cada um tem sua escolha. Qual será? Uma vida de liberdade e compaixão, ou o quê?

Texto de Charlotte Joko Beck,
extraído do livro"Sempre Zen".

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Praticando o desapego



A entrega do Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano trouxe uma surpresa. O filme japonês A Partida (Departures /Okuribito) levou a tão desejada estatueta no lugar de outros filmes mais incensados pela crítica. Mas afinal de contas, o que "A Partida" tem que o torna tão especial? Trata-se da história de um homem na faixa dos 20 anos, casado, que toca violoncelo numa orquestra em Tóquio, e esta é dissolvida pelo patrocinador. Ele volta à sua cidade natal com a sua mulher e consegue um emprego no qual ganha muito bem. O que o desagrada é o novo trabalho em si: arrumar defuntos para serem cremados, numa cerimônia em que a família da pessoa morta está presente. À medida em que ele persiste no emprego, começa a perceber a importância do que faz e a dignidade de honrar os mortos em sua despedida.

A morte faz parte da vida, mas muitas vezes a negamos, talvez pelo medo, talvez por estarmos ocupados demais tentando sobreviver. Quando entendemos a morte como a outra face da vida, esta toma um novo sentido. Podemos efetivamente viver – e não somente sobreviver. Geralmente a morte, principalmente de pessoas queridas, nos sacode de nossa zona de conforto, de uma forma mais ou menos intensa, provocando questionamentos sobre a vida, principalmente sobre aquelas questões que adiamos a resolução. A morte nos lembra que tudo passa, que nada é para sempre, e dá uma noção real de que o tempo anda, e não espera.

É preciso saber dizer adeus a quem nos deixa, mesmo sabendo que o que está presente naquele instante é um corpo sem vida. Isso realça a dignidade da vida, não só daquele que morreu, mas de quem ainda vive.

Dizer que a morte faz parte da vida nos faz pensar só no final, mas é muito mais presente do que isso: a cada situação em que precisamos terminar algo para começar uma nova etapa da vida, a morte está ali.

Pode parecer absurdo o que eu vou dizer, mas integre a morte em sua vida para que você possa viver mais plenamente. Busque soluções para aqueles problemas que vem adiando, como se o tempo não passasse. Perceba o que já terminou em sua vida, e você não reconhece. Muitas vezes nos apegamos a situações que já não fazem mais sentido, somente pela rotina. Podem ser situações de trabalho, de relacionamento, de hábitos. Viver tendo presente a perspectiva de que morreremos não deveria trazer medo, mas acentuar a responsabilidade que temos de fazer com que a nossa vida tenha o rumo que planejamos para ela. Assim, podemos ser dignos de um dia morrer conscientes de que buscamos (mas nem sempre conseguimos) realizar aquilo que é necessário da melhor forma possível.

domingo, 14 de junho de 2009

"Todas as pessoas podem alcançar a realização?"


Uma vez um discípulo perguntou a Buda: "Todas as pessoas podem alcançar a realização?" Buda disse: "Vá até a cidade e pergunte às pessoas sobre seus desejos mais íntimos." O discípulo foi e passou todo o dia batendo de porta em porta, conversando e perguntando e retornou à noite, exausto, mas com um relatório completo. Buda leu e disse: "Veja, essa pessoa deseja encontrar um trabalho que goste, essa outra deseja ser reconhecida socialmente, essa terceira deseja dinheiro e uma boa casa. Leio a lista toda e não encontro uma única pessoa que deseje se realizar. Agora então me responda: Todas as pessoas podem alcançar a realização?

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O silêncio é a regra de ouro, pois barulhos "externos" impedem que escutemos a nós mesmos


- Não comece um período de Zazen sem considerar porque você se senta. Saiba sua intenção. Saiba que não existe "nenhum lugar aonde ir, nada a alcançar." Esteja consciente de pensamentos ambiciosos.

- Verifique sua postura. Independentemente de como se sentar, o corpo deve estar ereto (mas não rígido), equilibrado, e relaxado. O local de se sentar deve estar limpo e confortável. ( Mas nós podemos praticar em qualquer local e em qualquer posição - mesmo deitados, se doentes ou exaustos).

- Sente-se todos os dias. Tente não perder mais de um dia na semana. Se a resistência vier (é uma parte normal da prática), esteja consciente de que isto consiste em pensamento; e como todo pensamento, ela não precisa dominar você. Apenas observe-a. Sinta-a no seu corpo. E não se intimide nunca.

- Uma vez por semana, sente-se por 10 a 15 minutos a mais do que você gostaria de se sentar.

- Não se torne obcecado pela prática. Em nenhuma hipótese o trabalho ou as responsabilidades familiares devem ser negligenciados em favor do sentar.

- Quando estiver chateado, não evite o sentar. Por mais difícil que possa ser, é crucial sentar quando as dificuldades surgem.

- Saiba que o sentar é simplesmente manter a consciência do corpo e da mente. Esteja consciente de qualquer desejo de fazer do sentar uma fuga da vida para entrar em estados de transe pacífico; tais estados podem ser sedutores mas não servem para nada.

- Esteja consciente de que o período de lua-de-mel para os novos praticantes é freqüentemente seguido por resistência, possível turbulência, e irrompimentos emocionais. Apenas continue praticando com particular ênfase em sentir as sensações do seu corpo.

- Esteja consciente de que "atingir algo" através da prática (tal como uma clareza especial, insights, mente pacífica) não é o ponto. Isso pode ocorrer - mas o ponto é sua consciência do que quer que esteja acontecendo, incluindo confusão, desencorajamento ou ansiedade.

- Mantenha sua prática para si mesmo. Não tente ensinar os outros. Deixe seus amigos e sua família em paz. Existe um velho ditado que diz, "deixe que peçam três vezes..." O que você pode dar aos outros é como você vive.

- Não gaste o tempo da prática em planejamento. Não existe nada de errado em planejar, mas escolha um outro momento para isso. Se tiver pensamentos sobre planos quando estiver sentado, rotule-os.

- Na vida diária, esteja bastante atento ao desejo de fofocar ou reclamar, de julgar os outros ou a si mesmo, de se sentir superior ou inferior.

Toda a prática pode ser resumida em (1) observação do processo mental e (2) a experiência das sensações corporais presentes. Nem mais e nem menos.
E finalmente, lembre-se que a verdadeira prática não é sobre técnicas ou koans ou qualquer outra coisa como um fim em si mesmo, mas sim sobre a transformação da sua vida e da minha. Não existem "soluções mágicas". Nossa prática é sobre a nossa vida e nós praticamos para sempre.

Charlotte Joko Beck
Ordinary Mind Zen School
Tradução de Khalis Chacel e Tárika Lima

terça-feira, 9 de junho de 2009

EM BUSCA DA ESSÊNCIA


"Construímos o mundo e, ao mesmo tempo, somos construídos por ele", disseram os biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela, autores de “A Árvore do Conhecimento”. Também Fritjof Capra, em “O Ponto de Mutação”, compara as ciências da civilização européia, marcadas pelo pensamento cartesiano, com a ciência sistêmica do Oriente, que leva em conta todo um organismo (e não só as partes), as interrelações entre os ambientes interno e externo, assim como os ciclos e as flutuações da vida.

"As coisas que se harmonizam em tom, vibram em conjunto. As coisas que, entre si, têm afinidade em suas essências mais íntimas atraem-se mutuamente...”

A sabedoria de perceber os ciclos do tempo, o que cada momento está pedindo, a relevância de uma vida compartilhada. Não se pode apenas pensar em interesses materiais e individuais. É preciso olhar o todo, ver-se integrado ao complexo maior.

domingo, 7 de junho de 2009

Aqui e Agora


"O passado é História, o futuro é Mistério e o presente é uma Dádiva. Por isso se chama Presente".

Deepak Chopra

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Epicuro e o Budismo


"Estava Deus disposto a impedir o mal, mas não conseguiu? Então ele não é onipotente. Ele é capaz, mas não estamos dispostos? Então ele é maléfico. Será que ele tem tanto capacidade quanto vontade? Então de onde vem o mal? Ele não tem nem vontade nem poder? Então por que o chamam de Deus? "- Epicuro.

Epicuro tinha muito em comum com o budismo e sua natureza não-teista.

Epicuro acreditava e ensinou que “os acontecimentos no mundo são, em última análise, baseadas nas propostas e nas interações dos átomos que se deslocam no espaço vazio." Isto soa muito parecido com o pivot da crença budista de interdependência ou a co-dependência resultante, que diz que “nada existe separado de qualquer outra coisa”. Tudo é interligado em uma teia de causa e efeito.

Isto inclui o compartilhamento da crença de que algo não pode vir do nada e, portanto, o Universo deve estar ainda, por causa de sua infinita crença em um deslocamento, interligado na teia de átomos que mesmo o universo não pode ser imutável. Era a sua convicção de que o Universo é eterno, mas apenas no sentido em que ela passa por ciclos de nascimento e morte ao longo do caminho. Assim como encontramos na ciência moderna através da teoria cíclica do Universo.

Ele ensinou também (assim como no budismo) que a repressão dos desejos é importante para se evitar a dor e o medo.

Ele fez acreditar que algum prazer é importante, o que levaram alguns a pensar que ele era um hedonista, mas ele era na verdade alguém que preconizava o “caminho da moderação”. Embora não fosse naturalmente um monge budista que seguisse todos os preceitos, no entanto, a maioria dos que defendem a sua derradeira definição de prazer, foi na realidade no aspecto da tranquilidade, que está mais próximo da definição budista da iluminação. Isso ocorre porque tranquilidade é definida como um estado, que é livre de stress e emoção, um sereno estado livre de distúrbios; uma situação pacífica. Estar Iluminado (utilizando uma definição muito básica) em um estado de nirvana para ser libertado de vontade (emoções) e do sofrimento (stress).

O Epicurismo foi visto muitas vezes na Grécia antiga como sendo uma filosofia atéia, mas enquanto ele negou ser ateu, também acreditavam que se houvessem quaisquer deuses, provavelmente foram ambivalentes, na melhor das hipóteses, em direção a seres humanos.

Epicurismo certamente não flerta completamente com o budismo, mas Epicuro ensinou muitas ideias semelhantes. Minha ideia neste post foi mostrar como filosofia ocidental e oriental podem ter pontos convergentes interessantes. As conexões são ideais partilhados, e aí se quisermos realmente ver e abraçar outras culturas, todos podemos crescer com isto.

Originalmente publicado em: Buddhist Blog

Tradução livre: Seikan.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Ikyyu e a flauta zen


"Certa tarde de outono, o mestre Ikyyu vagueava
pelos campos, levando consigo um a flauta de
bambu.

Um eremita, ao vê-lo perguntou :

- Quem és tu?
- Sou um peregrino que segue para onde sopra o vento.

Tencionando pô-lo em apuros o eremita perguntou:

- E quando o vento não sopra?
- Então sopro eu - Respondeu Ikyyu começando a soprar na sua flauta."

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Conceitos de felicidade


Nossas noções sobre a felicidade nos amarram. Esquecemos que elas são apenas ideias. Nossa ideia sobre a felicidade pode nos impedir de realmente sermos felizes. Falhamos em ver a oportunidade para a alegria que está bem na nossa frente quando somos pegos pela crença de que a felicidade deva ter uma forma específica.

Thich Nhat Hanh
(Vietnã, 1926 ~)
"Teachings on Love"
Tricycle's Daily Dharma
(04/05/2009)

Postado originalmente no blog Samsara.